Casos de infecção simultânea de Covid-19 e outro tipo de
vírus respiratório, como influenza, começaram a ser identificados país afora,
em meio ao avanço da variante Ômicron e o relaxamento dos cuidados das pessoas
com medidas de prevenção contra o coronavírus na virada do ano.
A chamada "flurona", acrônimo formado pelos nomes
dos vírus influenza e coronavírus, já foi detectada pelas autoridades
santitárias de São Paulo e do Rio de Janeiro, além de haver relatos de outros
lugares em que a coinfecção tem ocorrido. Em comunicado, a Secretaria de Estado
da Saúde de São Paulo informou que foram registrados 110 casos de infecção
conjunta por influenza e Covid-19, conforme dados de todo o ano de 2021. Na
capital do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde informou ter entrado
em contato com dois pacientes com resultados positivos para as duas doenças, a
partir de exames feitos na rede particular, e está fazendo a devida
investigação epidemiológica.
"A coinfecção não é algo comum, mas já há registros
dessa ocorrência em alguns países", disse a secretaria municipal. Há
relatos também de casos de infecção dupla no Ceará, no Rio Grande do Norte e em
Mato Grosso do Sul, segundo órgãos de imprensa. Questionado sobre quais medidas
estaria tomando em relação a esses casos, o Ministério da Saúde disse que os
dados das amostras são analisados para identificar o perfil epidemiológico dos
casos e conhecer os vírus respiratórios circulantes, com o objetivo de traçar
medidas de prevenção e de controle pelas autoridades de saúde.
"Por fim, a pasta informa, ainda, que já iniciou as
tratativas junto ao Instituto Butantã para aquisição das doses para a Campanha
Nacional de Vacinação Contra a Influenza que será realizada em 2022, conforme
ocorre anualmente", informou. "O imunizante encomendado é o
recomendado pela OMS para o hemisfério sul no ano de 2022 e contempla em sua
composição o vírus H3N2, circulante no país neste momento. A vacinação contra a
Covid-19 segue Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19
(PNO), com foco na aplicação de segundas doses e doses de reforço".
CASOS COMUNS
De acordo com Alexandre Naime, chefe do
departamento de infectologia da UNESP, é muito comum a coinfecção por dois
vírus respiratórios, como influenza e o vírus do resfriado, mas antes da
pandemia isso acabava não sendo divulgado por não ter maior relevância clínica.
"Ela (dupla infecção) está sendo mais detectada agora porque as medidas de
prevenção e de circulação estão caindo por terra e o vírus da influenza está tendo
maior circulação. Também agora está circulando a Ômicron", disse.
"Nós temos agora um vírus da Covid extremamente transmissível com a
circulação de um vírus da influenza para a qual a vacina não tem
cobertura". Para Naime, pacientes que tenham que tenham sido vacinados com
duas ou mais doses contra Covid não causam preocupação porque evoluem muito
bem, mesmo se forem infectados pelo coronavírus e Influenza ao mesmo tempo.
Contudo, ele ressalvou que pode haver complicações para quem não se vacinou ou
só tomou uma dose do imunizante contra Covid.
Naime, que é consultor para Covid-19 da Sociedade Brasileira
de Infectologia e da Associação Médica Brasileira, disse que a vacina da gripe
ministrada no início do ano protege contra a H3N2, mas não contra a variante
que está circulando no país no momento. Mas ele destacou que isso não significa
que as pessoas não devem se vacinar contra influenza e que é possível que
ocorra a imunização cruzada com a vacina passada.