como indentificar o inicio de uma recaída.

                             Como é a abordagem de prevenção de recaída?



Recair faz parte de todo processo de mudança. Todos nós, ao aprendermos algo novo, cometemos erros; ao tentarmos mudar acabamos recaindo nos velhos hábitos. Como acontece a recaída?
O indivíduo pode, muitas vezes, ter concluído e decidido que a abstinência é a melhor coisa para sua vida. Porém, algumas circunstâncias podem interferir nessa decisão e ameaçar a manutenção da abstinência: são as chamadas "situações de alto risco". São três os principais grupos de situações de alto risco que expõem o indivíduo a uma recaída: estados emocionais negativos (frustração, raiva, ansiedade, depressão ou tédio), conflitos interpessoais (com o cônjuge, amigos, familiares, colegas de trabalho, etc.) e pressão social (incentivo ao uso, vindo de outra pessoa ou grupo).

O mais recomendável é evitar tais situações, o que nem sempre é possível. Diante do inevitável o indivíduo precisa reagir de modo eficaz, mas nem sempre está preparado para isso, falhando nesse enfrentamento. Por exemplo: pode faltar habilidade de dizer “não” com firmeza a alguém que insiste que ele beba (ou fume, etc.). Uma falha diminui a sensação de competência para lidar com a situação (auto-eficácia), o que, associado às expectativas dos efeitos positivos da substância, pode levar ao lapso, ou uso inicial. Algumas pessoas, de certa forma, acabam “preparando" uma recaída expondo-se perigosamente a situações estimuladoras do uso. Outras têm percepções distorcidas dos riscos de uma recaída e fazem racionalizações do tipo: "vou fazer um teste de controle, verificar se posso beber só um pouquinho", "vou fumar só um cigarrinho, e isso não vai me fazer voltar a ser tabagista", ou ainda "faz tempo que não uso, ‘devo’ a mim mesmo um momento de prazer"; e, com estas justificativas podem acabar tendo um uso inicial.
Entre a abstinência e a recaída existe o lapso ou uso inicial, definido como uma falha (um “escorregão”), no processo de aprendizagem do novo estilo de vida. Dizemos que uma pessoa “recaiu” quando ela volta a beber ou usar drogas no mesmo padrão anterior à abstinência. Recair não significa fracassar e, na verdade, faz parte do processo de recuperação. Isso precisa ser discutido e compreendido pelo paciente e seus familiares.
A evolução do uso inicial para a recaída dependerá da forma como o indivíduo vai lidar com esse lapso, processo que chamamos de “efeito da violação da abstinência”. Efeitos negativos podem ser devastadores. Imagine duas situações: a) o indivíduo culpa-se pelo ocorrido, considerando-se um caso perdido e sem salvação, uma vez que todos os esforços já foram feitos; e, b) o indivíduo que identifica a falha e pensa em soluções para corrigi-la, de forma que não volte a se repetir. Qual deles terá mais chances de manter a abstinência? É por essa razão que familiares e profissionais devem buscar fortalecer o autoconceito do indivíduo, revendo seus sucessos passados e focando na manutenção da mudança. Acusações e ameaças contribuem negativamente.
A abordagem de prevenção de recaída auxilia o indivíduo a identificar as situações de risco que ameaçam sua abstinência e controle; a desenvolver ou aperfeiçoar as habilidades necessárias para o enfrentamento das várias circunstâncias que não podem ser evitadas; promove auto-eficácia; estimula o indivíduo a aprender e identificar falhas no manejo das situações; e, a ter uma vida equilibrada e saudável.