“Gostaria de falar de amenidades, mas os gritantes
fatos do dia-a-dia não deixam. Como ficar calado diante da hipocrisia de uns,
do aproveitamento oportunista de outros, da inabilidade de tantos contra a boa
vontade de poucos? Como ficar em silêncio diante das violações ao direito
coletivo da sociedade e contra os direitos individuais praticados justamente
por quem é pago por essa mesma sociedade para protegê-los e defendê-los? Não.
Não dá para falar de ludicidade.[...] E o pior: estão míopes. Confundem governo
que dialoga, com governo frouxo. Estão com saudade da chibata sob a qual viviam
até recentemente. Caladinhos.” Saudade da
Chibata, artigo de 12.05.2011 publicado em www.gentedeopinião.com.br
Pois é, dois
anos atrás era o advento das eleições municipais alimentando posições. Agora, é
a pré-campanha das eleições de 2014 que alimenta o fogo das frigideiras
grevistas que eclodem com razão ou sem razão, justas ou só para marcar
posições, mas sobretudo, por interesses nem sempre confessáveis. E pior, sob influência
e manipulações oportunistas. Alguém vai negar? Claro! Admitir, é tirar a
máscara e mostrar o lado sombrio e feio. E mais grave: perder a credibilidade diante
da sociedade.
Ninguém é
inocente nesse jogo de poder. Todos sabemos que patrão é patrão e empregado é
empregado. Convivência educada, civilizada e cortês? Sim. É necessária e
lucrativa para os dois lados. Mas pára aí. Não dá para bater copos no boteco.
São turmas diferentes. De naturezas opostas. Entretanto, na hora de negociar os
interesses, é necessário a harmonia, a reflexão e o entendimento. Não se deixar
cair na armadilha da intransigência. Sabem por que? Para não prejudicar o
terceiro interessado. Ou seja: aquele que paga a conta, a sociedade. O
contribuinte.
O mais grave é
que os movimentos grevistas desta temporada de 2013, estão caminhando
justamente na direção do acirramento. Da intransigência inócua. E isto não é
bom para ninguém. Sabe quem paga o pato? A cidadão. O mesmo cidadão que paga os
impostos e os salários dos dois lados. O mesmo cidadão que busca o serviço a
que tem direito, e não encontra. Paga adiantado e não recebe. E não venham
dizer que não estão prejudicando a sociedade. É a mentira mais deslavada do
mundo. Nem a mais tonta das pessoas acredita nessa retórica.
Certo que
sindicalista que não faz, não cria ou não inventa greve, não se reelege. E
ninguém quer perder a boca. O sindicalismo hoje é uma carreira, um bom negócio
e um grande trampolim político. Mas não pode ser inconsequente só para manter a
cadeira. É preciso senso de justiça e de reconhecimento ao que foi conquistado,
para que haja entendimento.
Seja oposição
ou não, simpatize com o governo ou não, não dá para negar que nestes pouco mais
de dois anos, todo o funcionalismo público do estado obteve, em negociações e
diálogos livres, atendimentos a demandas represadas, reprimidas e combatidas por
quase duas décadas. Não podem negar que obtiveram reajustes de 14,5% para todos
os servidores estaduais. Algumas categorias, chegaram acima de 95%, como foi o
caso dos agentes penitenciários, com 95,42 % de recomposição, passando o
salário de R$ 996,66 para R$ 1.947,06 .. além da implantação de PCCR para todo
o funcionalismo.
E foram
justamente os agentes penitenciários que deram início à temporada de greves.
Ingratos? Não! Eles, como os demais, não sabem é exercitar e nem valorizam a
paciência. A estratégia do quero porque quero é obtusa. O governo está perdendo
R$ 500 milhões receita? Tudo bem. O governo está no limite da Lei de
Responsabilidade Fiscal? Tudo bem. Mas, e os R$ 300 milhões da transposição? O
Governo já o tem em Caixa? Está no orçamento? Não!!! Mas estará em 2014, certo?
Certíssimo. Esperar 6 meses é o fim do mundo? Não. É só exercitar a paciência e
o senso do momento certo. Sem paixão. Com pragmatismo. Mas ao governo também não custará um
pequeno refrigério. A política do ou 8 ou 80 ou nem 8 nem 80 é péssima
conselheira.
Jornalista – Osmar Silva